12.10.06
Adeus, Cory Lidle
Cory Lidle, 1972-2006
É muito fácil falar coisas boas de pessoas que já morreram. Mais fácil ainda se elas acabaram de morrer. Mas o que tenho lido a respeito de Cory Lidle (foto: Elsa/Getty Images) tem mostrado que tudo de bom que estão falando dele desde ontem não é da boca para fora. Eu não o conheci. Não acompanhei de perto sua carreira. Então tudo o que eu falasse seria repetição de algo que li ou ouvi. Por isso, escolhi algumas frases de artigos a respeito de sua trágica morte ontem, em um acidente de avião em Nova York, para tentar ilustrar a pessoa e o jogador que foi Cory Lidle.

"Talvez a Comissão Nacional de Segurança nos Transportes consiga achar as respostas. Talvez não. Mas não há como negar que Lidle viveu uma vida plena e alegre em seus 34 anos, e talvez não mais emocionante que sua última vida, quando se tornou um piloto por um motivo simples como uma paixão — uma necessidade — de voar. (...) Vários jogadores ignoram aquelas pessoas consideradas 'abaixo' deles. Lidle, entretanto, tinha um sorriso rápido, um alô, um começo de conversa para todo mundo. (...) Ele assinou contrato saindo da escola sem ter sido recrutado, foi liberado com menos de três anos de carreira e, de alguma maneira, conseguiu vencer 82 jogos nas grandes ligas, ajudou o Oakland a conseguir 20 vitórias seguidas em 2002, um recorde na LA, e ganhou quase US$ 18 milhões, um patrimônio que tornou seu sonho de possuir um avião possível. Uma jornada como essa pode ser atingida sem empenho? (...) Lidle tinha o dia de folga, todo o inverno de folga. Poderia voar bastante. A Estátua da Liberdade e o horizonte nova-iorquino devem ter parecido majestosos, até serenos, lá de cima — isso até um possível momento de completo terror, quando se deu conta de que havia algo horrivelmente errado."
Tom Verducci, Sports Illustrated

"Seus colegas de time o chamava de 'Lanchinho' — Lidle freqüentemente se esbaldava com chocolates, sorvetes e outros doces entre as entradas — quando ele jogava em Oakland. Alguém se lembrou da vez em que Lidle fez seu irmão gêmeo, Kevin, se vestir com seu uniforme e ir para o bullpen antes de um jogo, para uma sessão de treinos, só para ver se o ex-coordenador de arremessadores dos A's, Rick Peterson, iria cair (ele caiu, ao menos até o falso Cory começar a arremessar)."
John Donovan, SI.com

"Listado com 1,79 m e 79 kg, baixos para os padrões de um arremessador das grandes ligas, ele tinha habilidades medianas, mas teve uma carreira admirável, primeiro como reserva dos Mets e depois como o titular que se seguia a talentos supremos como Tim Hudson, Mark Mulder e Barry Zito nas rotações de playoffs do Oakland. Em termos de habilidade, ele não chegava perto de nenhum desses três. Mas a chave, de acordo com Bobby Valentine, o primeiro técnico da MLB a lhe dar uma chance, era pensar que ele era tão bom quanto qualquer um deles. (...) Valentine adoraria tê-lo mantido no elenco depois que Lidle venceu sete jogos com raça e estratégia. Mas, depois que Lidle sofreu uma contusão na reta finald a temporada, a diretoria dos Mets disse a Valentine que 'nunca vão escolhê-lo' no recrutamento de expansão. Mas, infelizmente, o Tampa Bay viu alguma coisa no pequeno e contundido Lidle, que estava visitando Phoenix com sua recém-esposa Melanie, quando se surpreendeu ao ver em uma televisão no centro da cidade que ele tinha sido escolhido. Algum tempo depois, o GG dos A's, Billy Beane, trouxe Lidle para se juntar a sua rotação de playoffs."
Jon Heyman, SI.com

"Depois que os Phillies trocaram Lidle para os Yankees, em 30 de julho, Lidle questionou se seus ex-colegas tinham a mesma vontade de ganhar que ele. Em setembro, ele disse que não tinha pensado muito antes de fazer os comentários; ele tinha ficado debaixo de sol, limpando seu avião. Os comentários de Lidle irritaram alguns jogadores dos Phillies, incluindo o arremessador Arthur Rhodes, que o classificou de 'fura-greve' numa entrevista ao jornal The New York Post. Foi uma referência à experiência de Lidle como jogador de reposição durante a greve, em 1995. Lidle era jogador de ligas pequenas, afiliado ao Milwaukee Brewers naquela época, e disse que teria sido liberado se não fosse um jogador de reposição (um arrependimento que ele confessava era que seu nome nunca poderia aparecer em um videogame porque ele estava proibido de se filiar ao sindicato de jogadores)."
Tyler Kepner, The New York Times

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Escrito por Alexandre Giesbrecht | 0 comentários
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