6.10.06
O anti-Jeter
Tudo bem, tudo bem, Derek Jeter demonstrou no jogo 1 da série contra os Tigers que a sua época do ano preferida é outubro. Mas a chuva de anteontem não serviu apenas para adiar o jogo 2, mas também para fazer a mídia americana estender o destaque a uma das melhores atuações da sua carreira. Não que ele não mereça. Realmente, seus 5 de 5 foram impressionantes. Mas, pelo que se ouviu de alguns veículos, Jeter só precisa de mais uma rebatida simples para ser canonizado.

Não é bem assim.

E ontem ele demonstrou isso, com uma atuação fraca no jogo 2, vencido pelos Tigers por 4-3. Conhecendo Jeter, é mais do que óbvio que nãoteve nada a ver com pressão imposta pela mídia. Todos temos nossos altos e baixos; Jeter também tem — com a vantagem de que tem menos baixos que a maioria. Ele foi creditado com um erro, deu alguns passes errados e ainda não conseguiu fazer um bunt de sacrifício em momento-chave na primeira entrada. A torcida vai relevar tudo isso, porque ele tem crédito. Muito crédito, aliás.

E Alex Rodríguez? Por mais que seja um grande jogador, com números fantásticos, é incrível que ele nunca consiga se destacar em outubro. Não me levem a mal; não sou um dos críticos dele. Muito pelo contrário: eu gostaria muito que ele defendesse meu time. Mas é surpreendente que, depois de tudo que teve de ouvir no ano passado depois da eliminação frente aos Angels, ele esteja a caminho de duplicar aquela atuação.

No jogo de ontem, ele foi tudo o que seus críticos dizem que ele é. Ou seja, o anti-Jeter (ao menos o Jeter do jogo 1). Seu dia foi assim:

• Primeira entrada, 0-0, Justin Verlander arremessando. Bases lotadas, dois eliminados. Strike tentando rebater, foul, strike olhando.

• Quarta entrada, 1-0 Tigers, Verlander arremessando. Abertura da entrada. Bola, bola, strike olhando, fly out no jardim esquerdo.

• Quinta entrada, 3-2 Yankees, Verlander arremessando. Bases vazias, dois eliminados. Strike olhando, foul, bola, strike olhando.

• Oitava entrada, 4-3 Tigers, Joel Zumaya arremessando. Bases vazias, dois eliminados. Bola, strike tentando rebater, strike olhando, strike tentando rebater.

É preciso destacar que Rodríguez teve de encarar arremessos complicados ontem. Em sua primeira oportunidade, Verlander mandou duas bolas a 161 km/h cada uma, antes de eliminá-lo com uma bola em curva. Dois dos arremessos de Zumaya contra ele foram medidos a 162,5 km/h e 166 km/h. Não é nada fácil acertar uma bola dessas.

Não quero dizer que rebater na MLB contra os principais arremessadores do mundo, ainda mais nos playoffs, é fácil, mas, para alguém talentoso como Rodriguez (e que ganha US$ 25 milhões por ano), nada mais justo que perguntar por que ele repetidamente se dá mal nesta época do ano.

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Escrito por Alexandre Giesbrecht | 0 comentários
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