E o assunto continua sendo o New York Yankees, pelo menos enquanto as Séries de Campeonato não começam. A dúvida agora é se o time vai demitir o técnico Joe Torre, depois de 11 anos no comando.
Torre tomou algumas decisões estranhas na série contra o Detroit, como tirar do time Jason Giambi e Gary Sheffiels nos momentos errados e colocar Alex Rodríguez para rebater em oitavo no jogo 4, mas, até aí, ele sempre tomou decisões assim, às vezes para o mal, às vezes para o bem. O problema é que, ao menos no caso das decisões citadas acima, elas trouxeram o caos. E o grande ponto forte de Torre sempre foi fomentar uma atmosferia vitoriosa e livre de caos.
Se ele não está mais conseguindo fazê-lo é o que parece, depois das
declarações de Gary Sheffield ao jornal
USA Today de hoje e da repercussão da
matéria sobre Rodríguez na revista
Sports Illustrated de três semanas atrás , pode ser que seja a hora de partir. Afinal, para citar um exemplo mais próximo aos brasileiros, Telê Santana já não tinha mais o time do São Paulo sob seu controle quando saiu, em 1996, depois de cinco anos e meio no cargo.
Pode até ser que Torre ainda seja capaz de dar alegrias à torcida. Pode até ser que ele de fato ainda as dê. Mas demiti-lo não seria necessariamente a pior decisão do mundo. Talvez seja se o dono do time, George Steinbrenner, voltar aos seus dias de trocar de técnico como quem troca de cueca.
Só para lembrar, nos 14 anos anteriores à chegada de Torre, esta é a lista dos técnicos que passaram pelo banco dos Yankees: Bob Lemon, Gene Michael, Clyde King, Billy Martin, Yogi Berra, Martin de novo, Lou Piniella, Martin mais uma vez (finalmente entendeu aquela piada do Seinfeld?), Dallas Green, Bucky Dent, Stump Merrill e Buck Showalter. Não por coincidência, nesse período tudo que eles conseguiram foi uma vaga na repescagem com conseqüente eliminação na primeira fase no último ano de Showalter mas é justo lembrar que eles lideravam a LA Leste com 6½ jogos de vantagem em 1994, quando a greve encerrou a temporada.
É bom também quem quer que tome a decisão se lembrar que trocar Torre não resolverá os problemas dos Yankees com seus arremessadores nem melhorará a performance de Rodríguez sobre pressão (ou melhorará?; uns dizem que sim). O que vão dizer daqui a um ano se ficar claro que Torre era só um bode expiatório?
Para finalizar, há um precedente na franquia. Depois de perder a Série Mundial de 1960 para os Pirates, os Yankees demitiram Casey Stengel, que, em 12 anos como técnico, tinha ganho dez títulos da Liga Americana e sete Séries Mundiais. Do mesmo jeito que o time foi criticado em 1995 por contratar Torre, que nunca tinha tido sucesso como técnico, eles foram massacrados em 1949 por contratar Stengel, cuja campanha era ainda pior que a de Torre.
A demissão de Stengel foi o caso típico de um bode expiatório. Mas ao menos daquela vez, isso não importou muito. Os Yankees ganharam as duas Séries Mundiais seguintes, e, depois, os próximos dois títulos da Liga Americana.
Como assim, nenhum jogo 5 na primeira fase? Foi tão pouco emocionante assim? Duas varridas e dois 3-1? Quer dizer, é claro que as torcidas de A's, Tiger, Cardinals e Mets acharam emocionante, principalmente se levarmos em conta que o Oakland finalmente acabou com sua seqüência de eliminações nos playoffs, enquanto os outros acordaram de terríveis pesadelos nas últimas semanas da temporada regular. Mas que faltou um jogo 5, isso faltou.
Se Detroit e St. Louis arremessarem como o fizeram nas Séries Divisionais, e se os ataques de Mets e A's continuarem funcionando, acho que não seria demais prever jogos 7 para ambas as Séries de Campeonato.
Marcadores: Alex Rodríguez, Séries de Divisão, Yankees